EFEITOS DE SENTIDOS NO DISCURSO MIDIÁTICO: APOSENTADORIA E TRABALHO
Resumo
Este artigo analisa os efeitos de sentidos de aposentaria produzidos no discurso midiático materializado numa matéria da Revista Veja publica em 2009, intitulada “Trabalhar não é saudável”. Para isso, tomamos como base teórico-metodológica a Análise do Discurso pecheutiana (AD), estabelecendo, também, uma interlocução com o Materialismo Histórico. A AD, enquanto teoria materialista dos processos discursivos, concebe o discurso como uma prática sócio-histórica, produzido na intrínseca relação entre língua, história e ideologia. Nessa perspectiva, não há sentido único e literal, pois as materialidades discursivas são produzidas por sujeitos inscritos em uma formação social. Em nosso gesto analítico, constatamos que o discurso midiático reproduz em seu funcionamento sentidos que remetem às transformações no mundo do trabalho e as consequentes reformas jurídicas relativas à aposentadoria como parte integrante da previdência social brasileira. Assim, no discurso materializado na Revista são produzidas, através da ideologia, evidências de sentidos que interpelam os sujeitos continuarem trabalhando, apresentando a exploração como algo natural que traz benefícios para a saúde do trabalhador. Nesse processo de naturalização de sentidos, outros sentidos possíveis, mas indesejáveis, tendem a ser silenciados e apagados para que, em última instância, a lógica de reprodução do capital seja mantida.
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