Sentidos e discursos envolventes
uma análise sobre a constituição identitária docente em uma reportagem alagoana do ano de 2020
DOI:
https://doi.org/10.47456/rctl.v19i42.48271Palavras-chave:
Discurso, Discurso Envolvente, Pandemia, Constituições identitárias docentes, Ensino e aprendizagem.Resumo
Situado na Linguística Aplicada Indisciplinar (Moita Lopes, 2006), da desaprendizagem (Fabrício, 2006) e Implicada (Souto Maior, 2023), objetivamos, com este estudo, analisar um texto da mídia alagoana, retextualizado de uma entrevista on-line, em relação às transformações, no âmbito educacional, decorrentes da pandemia pelo Sars Cov-19 (Santos, 2020), destacando discursos envolventes referentes às identidades (Hall, 2020) e às identidades docentes especificamente (Souto Maior; Luz, 2019). Consideramos importante observar novos sentidos sobre aquelas práticas diante de mudanças sociais bruscas que ocorreram no período da pandemia, atualizando-as na contemporaneidade. Após seleção e pré-análise de reportagens, analisamos uma delas que foi veiculada no portal Cada Minuto no ano de 2020. Nossa abordagem de pesquisa foi qualitativa (Flick, 2009), de base interpretativista (Moita Lopes, 2006). Para análise de dados, utilizamos a perspectiva dialógica do discurso (Bakhtin, 1986; 2011; Volóchinov, 2021), caracterizando os Discursos Envolventes (Souto Maior, 2022; Oliveira; Souto Maior, 2022; Moreira Júnior; Souto Maior, 2020) e as noções de identidade social. Com a análise, observamos 1) a mobilização de discursos envolventes neoliberais que discorrem sobre a educação pública sem remissão às causas; 2) os discursos sobre um “despreparo” para a nova realidade nas práticas docentes, mas com uma certa modalização quanto a essas dificuldades; 3) a invisibilização do sofrimento emocional do docente.
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