Uma análise experimental sobre a (não) exaustividade em respostas contrastivas do português brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/rctl.v19i42.48292

Palavras-chave:

Experimento psicolinguístico, Exaustividade, Contraste implícito, Semântica e Dinâmica da Perguntas

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de um experimento psicolinguístico cujo objetivo foi investigar se respostas com contraste implícito no português brasileiro (PB), marcadas por tópico contrastivo, são interpretadas como exaustivas. O experimento apresentou duas condições experimentais: pergunta sim/não e de constituinte. Contou com 44 participantes, falantes do PB. Esses ouviram diálogos e julgaram três afirmações, com base em sua própria interpretação. Os dados indicaram que em perguntas sim/não, a resposta não-exaustiva, sem certeza de contraste, foi a mais aceita, com 74%. As respostas do tipo exaustiva obtiveram 25% e as contrastivas 27%. Nas perguntas de constituinte, a resposta não-exaustiva também obteve maior número: 85%, enquanto as demais registraram frequências menores: 15% e 12,5%. Os resultados demonstram que os participantes tendem a interpretar as respostas como não-exaustivas quando há marcação de tópico contrastivo em ambas as condições. Entretanto, a análise estatística inferencial revelou que a condição experimental influencia as interpretações não-exaustiva e contrastiva. Pode-se concluir, então, que há uma implicatura de incerteza, e que os falantes tendem a não se comprometer com o contraste ou com a exaustividade. Ainda, o tipo de pergunta pode influenciar na interpretação dos participantes em relação à não-exaustividade ou ao contraste.

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Biografia do Autor

  • Fernanda Rosa da Silva, Universidade Federal Fluminense

    Formada em Licenciatura e Língua Portuguesa pelo Centro Universitário Fundação Santo André. Possui mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo. É professora de graduação e pós-graduação na Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Semântica e Pragmática Formais.

  • Fernando Teixeira de Moura, Universidade Federal de Minas Gerais

    Graduando em Letras - Português pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Realizou Iniciação Científica nas áreas de Semântica e Pragmática, em interface com a Psicolinguística. É membro dos grupos de pesquisa em Semântica Formal (GESF/UFMG) e Estudos Interdisciplinares da Alteridade (NEIA/UFMG).

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Publicado

18-09-2025