Articulando classe, sexo/gênero e raça na leitura da formação social brasileira
DOI:
https://doi.org/10.22422/temporalis.2025v25n49p222-236Palavras-chave:
Divisão sexual e racial do trabalho, reprodução social, formação social brasileira, massa marginalResumo
Este artigo versa sobre a interação entre as matrizes de dominação, exploração e opressão nas sociedades estratificadas, com enfoque nas particularidades do escravismo colonial e capitalismo brasileiro, articulando classe, sexo/gênero e raça para o debate sobre a formação social brasileira. O texto, escrito através de uma revisão narrativa de literatura, perfaz-se por meio de uma leitura materialista histórica da realidade e tem como objetivo geral apresentar contribuições para uma análise da relação entre a divisão sexual e a divisão racial do trabalho, e a formação social do Brasil. Para tanto, demarca-se a compulsoriedade do trabalho reprodutivo/sexual das mulheres, com atenção ao aprofundamento de opressões e explorações direcionadas às mulheres negras, como motor que sustenta o modo de produção capitalista. Ademais, o artigo reflete, a partir de breves apontamentos, sobre a reprodução da classe trabalhadora na contemporaneidade, isto é, no capitalismo dependente, e sobre a composição de uma massa brasileira subalternizada a partir das relações sociais de classe, raça e sexo/gênero, situada no subemprego e desemprego.
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